BATATAS BRILHANTES
Assim que chegou, a mãe apresentou-me seu filho com satisfação.
Mostrei duas poltronas e ambos se sentaram à minha frente.
Conversei um pouco com ela enquanto o filho lia uma revista em quadrinhos, mas com ouvidos bem atentos.
Ao sentir que era momento de iniciarmos nossa conversa especial, minha alma não resistiu;
peguei uma folha em branco e coloquei-a sobre a mesa cuja toalha tinha a cor dourada.
A folha de papel aguardou em silêncio, os primeiros toques da magia pessoal.
O menininho, ansioso e curioso, olhou-me com atenção e aguardou minha ação.
Esboçou um sorriso ainda tímido como ensaio para o quadro no momento quando lhe mostrei minha caixa de giz de cera coloridos.
Sob sua observação, abri a caixa e escolhi um giz da cor preta.
Acomodei-o entre meus dedos e por minha vontade de brincar, dançaram para cima, para baixo e para os lados, divertindo-se em revelar as formas que pareciam emergir da folha de papel.
A folha, aos poucos, foi sendo preenchida com estrelas, sóis, duas carinhas risonhas e um barco espacial.
Depois, peguei outros e mais outros gizes e colori todo o desenho.
Enquanto isso, discretamente, olhava para ele e via em seu olhar o brilho de alguém que também trazia a mesma mágica.
Terminado meu desenho, entreguei a ele dizendo:
___ Eu vim deste universo!
Ele pegou, olhou, olhou, sorriu e....pedindo uma outra folha, se pôs a desenhar.
Observei-o com muita atenção e carinho.
Foi aí, então, que pela primeira vez em minha vida, conheci “as batatas brilhantes” do universo dele.
Eram muitas num céu azul lindo, com bastantes estrelas e um barco espacial parecido com o meu, cuja cor verde interna despertou minha curiosidade.
Assim que terminou a frente, virou a folha e no verso desenhou uma luz vinda do céu daquele universo fantástico.
Depois me entregou com o semblante sereno de missão cumprida.
Observei as “batatas brilhantes” de seu céu, todas amarelas vibrantes, suas estrelas, seu barco e percebi que nossas almas haviam se comunicado perfeitamente como se já se conhecessem há muito tempo através daqueles desenhos.
Mais tarde, quando nosso encontro terminou, na hora de me despedir, apertei sua mãozinha com muita alegria dizendo:
____ Muito feliz por tê-lo conhecido e honrada pela sua presença, Ícaro!
Apertando minha mão de modo bem leve, ele inclinou-se ligeira e suavemente.
Em seguida, ao ver a porta aberta, entrou no carro e sua mãe colocou o cinto de segurança em volta de seu corpo.
Ela fechou a porta.
Com um sorriso de gratidão, me abraçou ao se despedir.
Abri o portão e quando o carro ganhou a rua novamente, ele olhou da janela e me acenou feliz.
Meu coração contente me dizia que neste dia ensolarado duas almas cósmicas haviam apresentado seus universos em uma realidade inteiramente descoberta de um momento simplesmente maravilhoso!
ROSE LOUISE
Enviado por ROSE LOUISE em 11/04/2013
Alterado em 11/04/2013